15 junho 2009

Deu na Folha de São Paulo: colunista Elio Gaspari diz que Fernando Sarney desafia Charles Darwin

O senador maranhense Epitácio Cafeteira foi categórico numa conversa com o repórter Rodrigo Rangel: "Eu contrato quem eu quero e não sabia que tinha que pedir autorização a vocês da imprensa".

O problema não é de autorização, mas de compostura. Há 22 anos, o empresário Fernando Sarney, filho do ex-presidente e dono de eletrizante fortuna, procriou fora do casamento com uma ex-candidata a Miss Brasília. Cafeteira colocou o moço na bolsa da Viúva dando-lhe um emprego de R$ 7,6 mil mensais em seu gabinete.

Pressionado pelas restrições ao nepotismo, demitiu-o e, para equilibrar o orçamento desse ramo da família de Fernando Sarney, contratou a mãe. Tudo com a discrição dissimulada das casas-grandes.

O filho do ex-presidente tem patrimônio e renda suficientes para pagar R$ 7,6 mil mensais com dinheiro do seu bolso. Para o padrão de consumo do andar onde circula, essa quantia equivale a duas caixas de bom vinho, ao custo de um jantar para 15 pessoas ou ao hotel na Europa num feriadão. Fernando Sarney não precisava passar a conta de seu filho para a Viúva. O episódio não assombra pelo aspecto corrupto nem mesmo pela avareza. O que ele traz de pior é a exposição da decadência.

Nas palavras de Cafeteira: "Eu devia favores ao Fernando. Ele me ajudou na campanha". Fica faltando o senador dizer que favores e quanto valeram. No ano do bicentenário de Charles Darwin, Fernando Sarney tornou-se uma peça para o estudo da regressão das espécies.
no linck veja reportagem no jornal pequeno.TEXTO:ELIO GASPARI

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