01 fevereiro 2013

“Chiqueiro” e “afronta”: imprensa lamenta retorno de Renan Calheiros à presidência do Senado


O senador Renan Calheiros (PMDB-AL) é o novo presidente da Casa e do Congresso Nacional para o biênio 2013-2014, eleito com 56 votos nesta sexta-feira, 1º. Mesmo sendo alvo de denúncias da Procuradoria Geral da República, ele assume pela segunda vez o comando do Congresso, cinco anos após renunciar o cargo sob suspeita de irregularidades. A decisão da maioria dos parlamentares foi criticada por colunistas que analisam a política brasileira.

A escolha dos senadores, que coloca Calheiros terceiro na linha sucessória da presidência da República – na ausência de Dilma, Michel Temer, e do presidente da Câmara, ele assume o comando do Palácio do Planalto -, foi tema de análises e reportagens em todo o país. Voltado ao dia a dia dos bastidores de Brasília,  o site Congresso em Foco publicou editorial criticando o Senado e declarando “que sente-se no dever de manifestar perplexidade diante de tudo isso”.

No texto “A rendição do Congresso ao chiqueiro da política” são exploradas as denúncias que obrigaram Calheiros a renunciar à presidência do Senado. O Congresso em Foco ressalta que a volta do peemedebista ao cargo demonstra a falta de qualidade do Legislativo. “Reconduzir Renan ao posto, antes de eliminar todas as dúvidas quanto à sua conduta, põe sob suspeita todo o Legislativo. Um poder que já apresenta um gigantesco passivo no que se refere ao ‘controle interno’ dos seus integrantes e das suas ações”.

Eliane Cantanhêde, colunista da Folha de S. Paulo, fez apelo aos senadores antes da votação e categorizou a candidatura de Calheiros como uma “afronta”. “A opinião pública não aceita isso, até porque está exausta de mensalão, das votações que não são feitas, dos condenados pelo Supremo com mandato de deputado federal...”, publicou.

Já considerando Calheiros como favorito na disputa, Dora Kramer publicou uma crítica em seu blog no Estadão, antes da decisão. “É hoje o dia. O Senado, que é um pálido retrato do que já foi e agora caminha rumo ao lixo da História, perde autonomia, autoridade moral e também legitimidade na representação dos Estados”.

Na contramão dos ataques, Enio Lins, colunista do jornal Gazeta de Alagoas, terra natal do político, questionou o motivo de “trazer à tona um processo hibernante há meia dúzia de anos justamente quando o alvo do libelo acusatório desponta como favorito em meio a uma batalha eleitoral”. Segundo ele, “o sistema jurídico nacional, açulado pela mídia partidarizada, só consegue enxergar um lado”.

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