05 junho 2013

Clay e Igor Lago levam 40 membros do PDT a deixar o partido...

Por Ronaldo Rocha/Imirante
Os médicos Igor e Clay Lago oficializaram ontem, no Fórum Eleitoral de São Luís, o desligamento do PDT, partido fundado no Maranhão pelo ex-governador Jackson Lago. Filho e viúva de Jackson, os ex-pedetistas estavam acompanhados de membros históricos da legenda, que também decidiram deixar o partido, hoje comandado pelo deputado federal Weverton Rocha, ex-secretário do governo Jackson. Segundo
Igor Lago, 40 membros deixaram a sigla, por conta do conflito com a atual direção. A deputada estadual Eliziane Gama (MD) acompanhou o ato no TRE.
Igor Lago liderava o "Comitê de Resistência Democrática Jackson Lago" dentro PDT, grupo que fazia oposição partidária a Weverton Rocha e Julião Amin, presidente municipal da legenda. Mas, por conta do desgaste, enfraquecimento do comitê, e segundo ele, mudança ideológica da legenda, ele preferiu buscar novo rumo. "Essa desfiliação é resultado de toda uma luta que nós desenvolvemos após a violência cometida pela direção nacional contra o partido no Maranhão. Nós presidimos o PDT em substituição ao nome de nosso pai, mas infelizmente, pelo fato de estarmos numa comissão provisória, a direção nacional, na pessoa do Carlos Lupi e do Manoel Dias, de forma autoritária, sem que escutassem a maioria, decidiu dar o comando a Weverton", disse.
Igor afirmou que a decisão de deixar o PDT amadureceu após as tentativas frustradas de manter diálogo com a atual direção. "Tentamos por várias vezes dialogar com ele. Enviamos documentos, cartas, manifestos, mas não fomos respeitados. O partido não foi respeitado. A imensa maioria queria manter aquela comissão provisória e depois realizar a convenção para a escolha da nova diretoria. Mas foi impedida pelo ato autoritário do partido", completou.
O ex-pedetista, que era acompanhado por membros históricos da legenda, disse já ter recebido convites para integrar outros partidos políticos. Mas garantiu que decidirá sobre o seu futuro partidário apenas no futuro. "Acredito que o momento é de construir diálogos, de analisar o cenário. As decisões serão tomadas no tempo certo. Precisamos fazer parte de um partido que discuta os problemas do nosso povo; que construa propostas para o Maranhão, que dialogue com seus membros e com a sociedade. Da mesma forma como foi um dia o PDT", completou.
Insatisfação - Clay Lago, visivelmente emocionada com a oficialização de saída do partido, também questionou os rumos do PDT. Ela disse que a legenda perdeu a essência após a morte de Jackson Lago. "Sempre fomos contra a falta de democracia interna no partido. Alguns até se sentiram expulsos do partido, por conta do direcionamento dado pelo atual comando", disse e completou: "As pessoas não querem mais discutir política por princípios. Querem apenas disputar cargos, secretariado. Ou seja, querem poder e isso não combina comigo, com a nossa história. Acho que temos de discutir ideias", finalizou.
O ex-deputado federal Wagner Lago disse que não deveria haver surpresa na desfiliação de membros históricos do PDT, tendo em vista os últimos episódios e a crise que se instalou. "A nossa desfiliação já era esperada. O partido deixou de ser um instrumento de luta em favor do Maranhão. Este PDT que está no plano nacional e no plano estadual, não é o partido criado pela Carta de Lisboa, por Brizola, Neiva Moreira, Darci Ribeiro e Jackson. O partido perdeu a estrada, acabou com o debate, acabou com o diálogo e se tornou igual aos outros inúmeros partidos que estão por aí", disse.

Amin diz que PDT seguirá seu rumo

O presidente do diretório municipal do PDT em São Luís, Julião Amin, lamentou a saída de Clay Lago da legenda. Ele não se reportou, no entanto, aos demais membros que deixaram a sigla.
Segundo Julião, Clay Lago tinha uma história de luta partidária no PDT que não poderia acabar desta forma. "Temos que reconhecer o que representa a doutora Clay para o partido. Ela tem uma história e é um símbolo, assim como muitos companheiros que construíram esse partido. Fico triste porque sei que ela representou muito a o partido", lamentou.
Apesar de lamentar a saída de Clay, ele acredita que não houve motivos para a debandada do PDT. "Quando você briga com o padre, não necessariamente precisa deixar a religião. Os conflitos dentro de um partido existem e precisam ser superados. Não tenho nada contra aqueles que saíram, mas acredito que não seria necessário", afirmou.
Julião também rebateu as afirmações de Igor e Clay Lago, de que o partido perdeu a sua essência. "O PDT não desviou um centímetro sequer da sua linha doutrinária, continua o mesmo de sempre. Não mudamos o partido ideologicamente", finalizou.
O Estado entrou em contato com o deputado federal Weverton Rocha, mas ele não quis falar sobre o assunto.

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