21 setembro 2015

O êxodo petista: Mais de 300 filiados deixam o partido...


Direção nacional não consegue conter a debandada de líderes e militantes. Mais de 300 filiados, ao menos dois senadores e cerca de 100 prefeitos devem deixar a sigla nas próximas semanas


Ludmilla Amaral (ludmilla@istoe.com.br)
As medidas anunciadas pelo governo na segunda-feira 14 servirão para acelerar o êxodo petista e fazer o partido chegar ainda mais fragilizado nas eleições municipais do próximo ano. O alerta foi feito na semana passada pelo senador Lindbergh Farias, do Rio de Janeiro, um dos parlamentares mais próximos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “O governo atira contra a nossa própria base, o pessoal que costuma ir às ruas para defender o partido e nossas propostas”, disse o senador referindo-se ao pacote anunciado pelos ministros Joaquim Levy e Nelson Barbosa. “Assim fica difícil”, completou Lindbergh. Não é de hoje, porém, que o PT vem perdendo filiados. Desde o escândalo do Mensalão a legenda da estrela vermelha, que já foi reconhecida pela garra de seus simpatizantes, vem se esvaziando. Primeiro foram militantes, alguns históricos como o jurista Hélio Bicudo, que condenaram a compra de apoio político no Congresso e resolveram abandonar o PT. Depois, com o escândalo do Petrolão, a insatisfação aumentou e dezenas de prefeitos eleitos pelo partido buscaram novas legendas com o intuito de evitar que o desgaste da imagem da sigla contaminasse suas gestões e a possibilidade de serem reeleitos. Apenas no Estado de São Paulo, aproximadamente 20% dos 68 prefeitos eleitos em 2012 já deixaram a agremiação e, segundo cálculos feitos pela direção nacional do PT, nos últimos meses mais de 130 outros prefeitos manifestaram o interesse de sair em todo o País. “Cerca de 80% desses se filiaram ao PT em 2011 quando houve a onda Lula”, disse à ISTOÉ um dirigente nacional da legenda tentando definir a diáspora petista como se fosse um movimento protagonizado apenas por oportunistas. Trata-se apenas de um discurso que procura tapar o sol com a peneira.
Santinho_PT.jpg
INSATISFAÇÃO GERAL
O desânimo e a indignação tomam conta de quadros históricos que
não aceitam os malfeitos adotados pelo PT no poder

Depois de perder a senadora Marta Suplicy (SP), o PT deverá sofrer mais duas baixas de importantes lideranças no Senado. Em entrevista publicada na edição da última semana de ISTOÉ, o senador Paulo Paim, do Rio de Grande do Sul, afirma que até o final do ano deverá deixar a legenda. Um dos fundadores e ícone petista, Paim não está satisfeito com os rumos do PT e do governo comandado pela presidente Dilma Roussef. “Nós surgimos para fazer política de uma forma diferente, com ética e princípios que vêm sendo frequentemente agredidos por algumas lideranças”, diz Paim, que poderá nas próximas semanas ligar-se ao PSB, caminho escolhido por grande parte dos petistas descontentes.
7087ba2eb28de1de6eadb7bf225250c8aecf42f4.jpg
"O governo atira contra a nossa própria base, o pessoal que costuma
ir às ruas para defender o partido e nossas propostas"
Lindbergh Faria, senador do PT

Ainda no Senado, um outro símbolo do PT deverá abandonar o barco nas próximas semanas. Trata-se de Walter Pinheiro, da Bahia. Para tentar manter o senador entre seus quadros, líderes estaduais chegaram a lhe assegurar a legenda para disputar a Prefeitura de Salvador no ano que vem. Em nota, porém, o senador recusou a oferta. No documento encaminhado ao diretório municipal, Pinheiro declinou do convite e disse que sua prioridade é cumprir o mandado de senador. Descontente com os rumos traçados pela gestão de Dilma Rousseff, o senador baiano não tem participado das reuniões de bancada e nem de outras atividades partidárias.

Nenhum comentário:

Postagem em destaque

PF deve apurar transferências de títulos de Índios Guajajara no interior do MA

Os Guajajara são um dos povos indígenas mais numerosos do Brasil. Habitam mais de 10 Terras Indígenas na margem oriental da Amazônia, todas ...