24 janeiro 2022

Alckmin, Dilma e alianças desgastam PT e campanha de Lula


Em entrevista à Folha que repercutiu entre petistas, Falcão afirmou que Alckmin representa uma contradição a tudo o que o partido propõe e que Lula "não precisa de uma muleta eleitoral

Discussões internas no PT a respeito da campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) têm gerado divisões e desgaste na sigla, que ainda precisa definir questões como alianças e federação partidária, palanques estaduais e o papel de figuras como a da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) e do ex-governador Geraldo Alckmin (sem partido).


Num cenário em que Lula lidera as pesquisas de intenção de voto (marcou 48% ante 22% de Jair Bolsonaro, do PL, no último Datafolha, divulgado em dezembro), petistas minimizam as polêmicas e afirmam que dissidentes terão que se enquadrar conforme as decisões do ex-presidente.


Na quarta-feira (19), por exemplo, Lula voltou a indicar que pretende ter o ex-tucano como candidato a vice –algo que Alckmin também almeja.

"Temos visões de mundo diferentes? Temos. Mas isso não impede, se for necessário, construir a possibilidade de colocar as divergências em um lado e as convergências em outro. Não terei nenhum problema em fazer chapa com Alckmin para ganhar as eleições", disse a jornalistas de sites de esquerda.

Como mostrou a Folha, aliados de Lula e de Alckmin veem a aliança pavimentada. Por outro lado, a ala mais à esquerda do PT organizou um abaixo-assinado contra o ex-tucano que reúne o endosso de dois ex-presidentes da sigla, José Genoino e Rui Falcão.

O documento lembra que Alckmin apoiou o impeachment de Dilma e o relaciona com o neoliberalismo e forças reacionárias.

Em entrevista à Folha que repercutiu entre petistas, Falcão afirmou que Alckmin representa uma contradição a tudo o que o partido propõe e que Lula "não precisa de uma muleta eleitoral".

Presidente do PT em São Paulo, o ex-ministro Luiz Marinho afirma ser crítico da escolha do ex-tucano e cobra "reflexão para buscar alternativas". "Não é o [candidato] da minha preferência. Mas não posso ignorar a repercussão nacional e estadual dessa aliança", diz.

"O ponto de interrogação é o que [a aliança] impacta na visão da sociedade. O que significa estar próximo ao Alckmin? É preciso ouvir e conversar bastante. Um vice como José Alencar seria mais frutífero, mas infelizmente não temos", segue.

Presidente do sindicato de professores de São Paulo, a deputada estadual Professora Bebel diz que "gostaria de um nome mais progressista".

"É uma chapa, claro que vai passar pelas instâncias partidárias, mas para mim é difícil engolir. A posição dele é muito de estado mínimo mesmo", diz. A deputada relembra o fechamento de escolas pela gestão Alckmin, que gerou a ocupação de estudantes em 2015. No mesmo ano, o sindicato organizou uma greve que durou 92 dias.

"Quero debater com a minha categoria, sofremos muito no período do Alckmin. O partido tem que abrir o debate e ouvir", afirma à Folha.

"O PT ainda não fez esse debate oficialmente. Há opiniões pessoais, é normal. Não há divisão ou prejuízo. Teremos unidade de ação", afirma Marcio Macedo, ex-deputado e membro da executiva nacional do PT.

Aliados de Lula afirmam que a resistência a Alckmin no PT era previsível, mas é minoritária e tem o papel de marcar posição. O movimento em direção ao centro é defendido como essencial não só para vencer a eleição, mas para garantir governabilidade.

Parlamentares do PT afirmam ainda que, a partir do momento em que Lula fechar com Alckmin, aqueles que resistem serão voto vencido.

Lula também deu a senha ao PT ao tratar de impasses com o PSB em candidaturas estaduais. A formação de uma federação entre PT, PSB, PV e PC do B esbarra em cinco estados: RJ, ES, RS, SP e PE.

Os cenários eleitorais locais são outra fonte de desentendimentos e embates entre petistas. A questão partidária impacta ainda a aliança com Alckmin, que tem convites para se filiar ao PSB, ao Solidariedade e ao PV -as três legendas apoiam a chapa com Lula.

Nenhum comentário:

Postagem em destaque

Prefeitura de Carolina está proibida de usar “pau-de-arara” como transporte escolar

Prefeitura de Carolina está proibida de usar “pau-de-arara” como transporte escolar Após pedido do Ministério Público do Maranhão (MPMA), a...