05 dezembro 2009

Chaves: Populista, fanfarrão e autoritário.


foto: Anúncio da retirada dos militares  na tentativa de golpe dado pelo Coronel Chaves no ano de 1992.  Chaves também é golpista!






Adotado pela esquerda da América Latina como um de seus faróis, elogiado por intelectuais e artistas em todo o continente, o presidente Hugo Rafael Chávez Frías faz por merecer uma série de adjetivos – populista, autoritário, fanfarrão, caudilho, aspirante a ditador e ainda outros. Não pode, no entanto, ser classificado como um esquerdista. Chávez não tem passado socialista, nem teórico nem prático. Não é herdeiro ou estudioso de nenhuma tradição marxista. Não formulou nenhum conceito novo para as ciências políticas, e sequer implementou os antigos de maneira inovadora. Hugo Chávez veio do meio militar. Era coronel pára-quedista do Exército venezuelano antes de se eleger presidente da República pela primeira vez, em 1998.


Simpático, com pele de índio, cabelo duro de mestiço e a infância pobre vendendo doce na rua, o boina-vermelha é, antes de tudo, um sucesso de público. Eleito naquele ano com 57% dos votos, foi o primeiro político venezuelano criado fora das grandes máquinas partidárias a vencer os espertalhões que dominam a política do país. Na cerimônia esdrúxula em que tomou posse, contudo, já demonstrou a que veio: chamou de “moribunda” a mesma Constituição que era obrigado a defender sob juramento.
Nascido em 1954 no povoado de Sabaneta, no oeste da Venezuela, filho de professores, Hugo Chávez foi educado pela avó e, ao final do ensino médio, entrou para o Exército, onde atuou 17 anos no batalhão de pára-quedistas do estado de Barinas. Ali, desenvolveu seu nacionalismo que depois travestiria de cores esquerdistas. Em 1992, comandou um golpe para derrubar o presidente eleito Carlos Andrés Pérez. Derrotado e preso, saiu da cadeia dois anos depois, mais admirado do que nunca. A partir daí, iniciou a escalada que terminaria na eleição de 98. O coronel pára-quedista sem partido nem programa político conseguiu convencer o eleitorado de que sua quartelada fora motivada pela indignação moral com a corrupção generalizada. Encantados com as promessas messiânicas, os venezuelanos deram-lhe carta branca para fazer o que julgasse necessário para tirar o país da decadência. Acreditaram no palavreado barato do coronel, inspirado em Simon Bolívar, o herói da independência da América espanhola.


‘Bolivariano’ - Chávez junta conceitos comunistas, um cristianismo de tons messiânicos e o culto a Bolívar numa salada mista de gosto duvidoso. Tirando proveito da idolatria ao herói latino, ele faz aparições televisivas com a imagem de Bolívar ao fundo e arranja sempre um jeito de rebatizar como "bolivariano" tudo que esteja ao alcance: Constituição bolivariana, sistema educativo bolivariano e até o nome oficial do país mudou para República Bolivariana da Venezuela. Na prática, o bolivarianismo não quer dizer coisa nenhuma – é vazio. Tão vazio quanto o Alô, Presidente, o programa de televisão que apresenta todos os domingos. Um dos grandes sucessos de audiência da TV venezuelana atualmente, trata-se de um monólogo de cinco horas no qual o caudilho comenta desde políticas econômicas até o tamanho de sua orelha, conta piadas, canta e, principalmente, xinga seus adversários.


As aparições televisivas em que se comporta como um líder de torcida organizada, entretanto, são apenas uma das milhares de faces de seu populismo escancarado. Outra destas faces está literalmente estampada pelas ruas de Caracas – a do próprio Chávez, em gigantescos murais, grafites, cartazes e outdoors em que aparece como o pai dos pobres venezuelanos. Tudo o que faz, diz ele, é pelo bem das classes menos favorecidas. Talvez isso explique por que, sob Chávez, o número de pobres na Venezuela não pare de crescer. Há uma piada argentina que diz que o presidente venezuelano gosta tanto de pobres que seu governo cuidou de multiplicá-los no país. Agindo como age, o coronel alcança a proeza de juntar o pior da tradição caudilhesca, seguindo um modelo de triste memória, responsável pelo atraso e pela pobreza da América Latina. Sequer pode ser comparado ao cubano Fidel Castro, a quem pretende substituir como contestador latino-americano da vez. O ex-chanceler mexicano Jorge Castañeda escreveu certa feita que Chávez não é e nunca será um novo Fidel. Trata-se de um Juan Domingo Perón – com petróleo. Politicamente, Chávez se aproxima de Fidel apenas quando tenta vender a idéia de que o lucro é imoral e que o sistema capitalista é contra o povo (“o capitalismo é pior que Conde Drácula, Frankestein e Jack, o Estripador”, disse certa vez), ou quando defende um antiamericanismo infantil, que o levou, por exemplo, a proibir as árvores de Natal na Venezuela.
Hitler - Eleito de forma democrática, Chávez recorreu a golpes brancos e plebiscitos para se tornar senhor do Judiciário, incluindo aí a Justiça Eleitoral e o Ministério Público, e do Legislativo. Na hora de usar isso em benefício do país, revelou-se um desastre. Serve-se de toda a máquina estatal em benefício próprio, e destrói a democracia na Venezuela a partir das próprias instituições democráticas. A prática não é original. Adolf Hitler era líder de uma bancada parlamentar eleita com 33% dos votos quando foi escolhido chanceler da Alemanha. Um ano depois, acumulou o posto de presidente com a aprovação dos alemães num plebiscito. Nos anos seguintes, fechou os sindicatos, calou a imprensa livre e suprimiu, pela violência diária, os demais partidos. Entre 1933 e 1939, quando invadiu a Polônia e expôs sua brutalidade ao mundo, Hitler usufruiu a neutralidade e até a boa vontade da comunidade internacional.


Há semelhanças entre a trajetória de Hitler e a de Chávez. Sobretudo num aspecto: como ocorreu com Hitler nos primeiros anos, a comunidade internacional não está dando a devida atenção à forma sistemática com que Chávez vem corroendo a liberdade na Venezuela. Tudo por meio da destruição da economia de mercado, da democracia e da justiça venezuelanas. Não existe democracia sem instituições funcionais. Chávez as despreza. Por enquanto, o mundo o ignora. Quando acordar, pode ser tarde demais.


fonte: veja.com




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