21 julho 2021

Um servidor público assume o comando do TCE, onde o nepotismo reinou


Por Ribamar Corrêa

Na próxima Quarta-Feira (21), vai acontecer o até pouco tempo impensável: um servidor público federal, forjado nas lutas sindicais e na militância petista, que chegou a vice-governador na chapa de Roseana Sarney em 2010 por acordo partidário, e que, também por acordo político, ganhou a cobiçada cadeira de conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Maranhão (TCE), chegando na semana passada ao cargo de presidente com a renúncia do conselheiro Nonato Lago, será aclamado presidente da Corte de Contas. O beneficiário desse processo é o servidor federal, sindicalista e militante graduado do PT Washington Oliveira.

Sua ascensão ao comando do TCE difere radicalmente da esmagadora maioria das nomeações feitas nas últimas décadas, nas quais predominaram o nepotismo ostensivo praticado pelos chefes políticos do Maranhão. Não é o caso, por exemplo, do conselheiro Raimundo Nonato Carvalho Lago Jr., que renunciou à presidência para se aposentar. Irmão de Jackson Lago, ele chegou à Corte de Contas indicado pelo governador Epitácio Cafeteira, com quem manteve sólida amizade. Durante o Governo Cafeteira, Nonato Lago foi assessor especial da Casa Civil e atuava no Palácio dos Leões como médico à serviço do governador.

Outras nomeações se encaixam no nepotismo que dominou a vida do TCE. Newton Bello Filho foi nomeado pelo pai, o governador Newton Bello, para o cargo com pouco mais de 20 anos. A família Sarney emplacou o advogado Evandro Sarney, irmão de José Sarney, que em seguida garantiu cadeira para o cunhado, Albérico França Ferreira, que teve seu filho, Álvaro César França Ferreira, também nomeado para a Corte. Antes de deixar o cargo, o governador Luiz Rocha emplacou seu cunhado, Raimundo Oliveira Filho, que funcionava como contador do chefe do Governo. Na mesma linha, o governador Edison Lobão emplacou seu irmão, o ex-deputado estadual Yedo Lobão.

Depois de Álvaro Ferreira, o TCE parece ter deixado de ser manipulado pelo nepotismo na formação do seu Conselho. Dois conselheiros políticos foram bancados pela Assembleia Legislativa, à qual a Corte é institucionalmente subordinada: os ex-deputados Jorge Pavão e Edmar Cutrim, e um servidor da Casa, José Ribamar Caldas Furtado. Apesar do caráter político da sua ascensão, Washington Oliveira chega ao comando do TCE sem ter no currículo a mancha do nepotismo.

São Luís, 18 de Julho de 2021.

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