18 agosto 2021

Morre líder camponês Manoel da Conceição, aos 86 anos

 


A família comunicou agora há pouco o falecimento de Manoel da Conceição dos Santos (86), para os amigos, Manoelzinho, ou simplesmente Manoel da Conceição, líder camponês e fundador de entidades em defesa da terra no Maranhão.

Manoel da Condição faleceu na manha desta quarta-feira (18 de agosto), no hospital Macro Regional, após três semanas de tratamento para cura de problemas pulmonares, que vem se agravando com os dias e a idade, até não resistir a gravidade da doença.

Conheça um pouco da trajetória de Manoelzinho. 

Manoel da Conceição é um líder camponês maranhense nascido em 1935, no distrito de Pirapemas no Maranhão. Na década de 1950, sua família migrou para Pedra Grande na beira do Rio Itapecuru. Em 1953, Manoel muda-se para a região do Mearim (próximo de Bacabal). Juntamente com outros camponeses e camponesas organiza a primeira Associação de Lavradores da região. 

Nesse período, envolve-se em conflitos com os fazendeiros locais e torna-se sobrevivente da chacina de Copaíba em 1957. Na década de 1960, torna-se um dos principais organizadores políticos do campesinato maranhense. Em 1967, sob o regime ditatorial foi vítima de um atentado, sendo baleado na perna e preso durante sete dias sem cuidados médicos. Nesse período, estudantes, operários e intelectuais pressionam o então governador José Sarney, para a sua libertação.

 Em 1969, viaja para a China e participa de uma intensa formação política. Manoel da Conceição radicaliza a luta pela terra juntamente com outros camponeses e camponesas na criação de sindicatos rurais no interior do estado, o que o torna como um dos principais alvos da Ditadura no Maranhão. Entre 1972-1975, é preso diversas vezes e torturado. Em 1975, torna-se um refugiado político ganhando exílio em Genebra, Suíça. Com a Anistia de 1979, Manoel e outros exilados retorna ao país, e de imediato, reinicia suas atividades políticas.

 Em 1979, juntamente com a camponesa Margarida Alves e outros camponeses cria o CENTRU em Pernambuco e Imperatriz, cidade em que reside até hoje. Participa ativamente do primeiro assentamento do Maranhão em 1987. Sua luta política pela democratização da terra é conhecida nacional e internacionalmente.


Em 1960, participou de um curso do Movimento de Educação de Base (MEB), que tinha como temas: sindicalismo, política e cooperativismo.

Com a ajuda de outros trabalhadores rurais criaram 28 escolas com o intuito de alfabetizar os trabalhadores da região de Pindaré.

Nesse processo, ajudou a criar o primeiro sindicato de trabalhadores rurais do Estado do Maranhão, fundado em 18 de agosto de 1963, em Pindaré-Mirim, do qual seria o primeiro presidente. Em pouco tempo, o sindicato chegou a aglutinar cerca de quatro mil trabalhadores rurais. 

Trechos do livro: Terra livre - A luta pela terra no Maranhão, produzido por estudantes de mestrado da UFMA.

Sulidade, Mariana da. T – São Luís, 2018. 28 f.; il.Produto da dissertação A LUTA PELA TERRA EM SALA DE AULA: Ensino de História no Maranhão Contemporâneo e Produção do Paradidático "Terra Livre". Orientação Profa. Dra. Monica Piccolo Almeida Chaves 1. Ensino de História. 2. Luta pela terra 3. Maranhão Contemporâneo. 4. Ditadura Empresarial-Militar I. Título 

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