31 outubro 2023

Ex-assessor de Jerry atuou como lobista do Irã e Hezbollah, diz O Globo

 


Demitido no último dia 11 de um cargo comissionado da Câmara dos Deputados por zombar de uma mulher israelense sequestrada pelo Hamas, o militante do PCdoB Sayid Marcos Tenório construiu uma longa e discreta atuação no Congresso a favor dos interesses do Irã e do Hezbollah, grupo paramilitar criado no Líbano e financiado pelo regime xiita de Teerã, através de uma rede de contatos controversa.

Nos últimos 13 anos, ele ocupou diversos cargos na Câmara e no governo federal. Ao longo da década passada, assessorou pelo menos seis parlamentares, cinco dos quais filiados ao PCdoB, e também exerceu cargos no Palácio do Planalto e no Ministério dos Esportes no Governo Dilma Rousseff.

Neste período, Tenório facilitou o acesso de autoridades do Irã ao Congresso brasileiro e promoveu encontros entre políticos e lideranças ligadas ao Hezbollah, com quem manteve relações próximas.

Ele, no entanto, nega ter feito lobby a partir dos cargos que ocupou e diz não ter recebido valores ou vantagens pela aproximação entre os países. Tenório, que é muçulmano xiita, diz que promoveu encontros com altas lideranças do Irã em razão de sua fé.

Até o último dia 11, Sayid Tenório, que também é historiador, ocupava um cargo na Comissão de Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiência da Câmara por indicação do deputado federal Márcio Jerry (PCdoB-MA).

Mas foi demitido depois comentar a postagem de um perfil no Twitter que reproduziu o vídeo de uma mulher sequestrada pelo Hamas durante os ataques terroristas e levantou a hipótese de estupro.

“Isso é marca de merda. [Ela] Se achou nas calças”, respondeu, debochando da mancha escura que a mulher trazia na roupa.

Com a péssima repercussão do comentário, ele chegou a desativar brevemente suas redes sociais, mas retornou à internet poucos dias depois com uma nova identidade – @soupalestina – , retomando também os ataques a Israel e elogios ao Hamas.

O jornalista Leonardo Coutinho, autor de “Hugo Chávez, O Espectro: Como o presidente venezuelano alimentou o narcotráfico, financiou o terrorismo e promoveu a desordem global”, publicado pela editora Vestígio, investigou a atuação de agentes iranianos e membros do Hezbollah na América do Sul e mapeou o lobby de Tenório a favor deles no Congresso brasileiro.

O Hezbollah surgiu como uma milícia xiita na invasão do Líbano por Israel em 1982. Após a retirada dos israelenses do território libanês, em 2000, o grupo se transformou em partido, mas manteve um braço armado fortemente financiado pelo Irã, que é classificado como terrorista pelos Estados Unidos e pela União Europeia e defende o fim do Estado de Israel, assim como o Hamas.

Em 2015, quando estava lotado no gabinete de Wadson Ribeiro (PCdoB), Sayid Tenório articulou a recriação do Grupo Parlamentar Brasil-Irã na Câmara dos Deputados, que estava desativado.

No mesmo ano, promoveu um encontro do então embaixador iraniano em Brasília, Mohammad Ali Ghanezadeh, com a presidente da Comissão de Relações Exteriores da Casa, a colega de partido Jô Moraes (MG).

Tenório reuniu ainda em 2015 lideranças do PCdoB, entre elas o deputado Orlando Silva (PCdoB), com Bilal Mohsen Wehbe, sheik de uma mesquita em São Paulo de origem libanesa e naturalizado brasileiro. Wehbe é alvo de sanções dos Estados Unidos desde 2010 pelos seus vínculos com o Hezbollah e apontado pelas autoridades americanas como o representante do grupo na América do Sul sob o comando de Hassan Nasrallah, chefe da organização.

Continue lendo…

Demitido no último dia 11 de um cargo comissionado da Câmara dos Deputados por zombar de uma mulher israelense sequestrada pelo Hamas, o militante do PCdoB Sayid Marcos Tenório construiu uma longa e discreta atuação no Congresso a favor dos interesses do Irã e do Hezbollah, grupo paramilitar criado no Líbano e financiado pelo regime xiita de Teerã, através de uma rede de contatos controversa.

Nos últimos 13 anos, ele ocupou diversos cargos na Câmara e no governo federal. Ao longo da década passada, assessorou pelo menos seis parlamentares, cinco dos quais filiados ao PCdoB, e também exerceu cargos no Palácio do Planalto e no Ministério dos Esportes no Governo Dilma Rousseff.

Neste período, Tenório facilitou o acesso de autoridades do Irã ao Congresso brasileiro e promoveu encontros entre políticos e lideranças ligadas ao Hezbollah, com quem manteve relações próximas.

Ele, no entanto, nega ter feito lobby a partir dos cargos que ocupou e diz não ter recebido valores ou vantagens pela aproximação entre os países. Tenório, que é muçulmano xiita, diz que promoveu encontros com altas lideranças do Irã em razão de sua fé.

Até o último dia 11, Sayid Tenório, que também é historiador, ocupava um cargo na Comissão de Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiência da Câmara por indicação do deputado federal Márcio Jerry (PCdoB-MA).

Mas foi demitido depois comentar a postagem de um perfil no Twitter que reproduziu o vídeo de uma mulher sequestrada pelo Hamas durante os ataques terroristas e levantou a hipótese de estupro.

“Isso é marca de merda. [Ela] Se achou nas calças”, respondeu, debochando da mancha escura que a mulher trazia na roupa.

Com a péssima repercussão do comentário, ele chegou a desativar brevemente suas redes sociais, mas retornou à internet poucos dias depois com uma nova identidade – @soupalestina – , retomando também os ataques a Israel e elogios ao Hamas.

O jornalista Leonardo Coutinho, autor de “Hugo Chávez, O Espectro: Como o presidente venezuelano alimentou o narcotráfico, financiou o terrorismo e promoveu a desordem global”, publicado pela editora Vestígio, investigou a atuação de agentes iranianos e membros do Hezbollah na América do Sul e mapeou o lobby de Tenório a favor deles no Congresso brasileiro.

O Hezbollah surgiu como uma milícia xiita na invasão do Líbano por Israel em 1982. Após a retirada dos israelenses do território libanês, em 2000, o grupo se transformou em partido, mas manteve um braço armado fortemente financiado pelo Irã, que é classificado como terrorista pelos Estados Unidos e pela União Europeia e defende o fim do Estado de Israel, assim como o Hamas.

Em 2015, quando estava lotado no gabinete de Wadson Ribeiro (PCdoB), Sayid Tenório articulou a recriação do Grupo Parlamentar Brasil-Irã na Câmara dos Deputados, que estava desativado.

No mesmo ano, promoveu um encontro do então embaixador iraniano em Brasília, Mohammad Ali Ghanezadeh, com a presidente da Comissão de Relações Exteriores da Casa, a colega de partido Jô Moraes (MG).

Tenório reuniu ainda em 2015 lideranças do PCdoB, entre elas o deputado Orlando Silva (PCdoB), com Bilal Mohsen Wehbe, sheik de uma mesquita em São Paulo de origem libanesa e naturalizado brasileiro. Wehbe é alvo de sanções dos Estados Unidos desde 2010 pelos seus vínculos com o Hezbollah e apontado pelas autoridades americanas como o representante do grupo na América do Sul sob o comando de Hassan Nasrallah, chefe da organização.

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