O ministro do Esporte, Orlando Silva, comprou à vista, em agosto do ano passado, um terreno de 90 mil metros quadrados na região rural de Campinas por R$370 mil. Na época, o salário dele era de R$10,7 mil. A área está localizada sobre dutos da Petrobras e pode, eventualmente, ser alvo de uma desapropriação no futuro.
No terreno, está sendo construída uma casa e, para chegar até a propriedade, é preciso passar pela portaria do condomínio Colinas de Atibaia. Seguranças do local dizem que o bem do ministro não faz parte do condomínio.
O ministro disse ontem que a aquisição do terreno foi totalmente regular e está registrada em sua declaração de bens.
- Com relação ao terreno, é o único bem que eu possuo, comprei com cheque pessoal, juntando o valor das economias que consegui ao longo de toda a minha vida - afirmou, ao falar na Câmara.
Segundo Orlando Silva, o bem tem um valor reduzido justamente por causa dos dutos e por estar fora da área do condomínio.
A propriedade pertencia ao casal de belgas Yves Jules Jean Paul Marie Lhoest e Marguerite Marie Fonteyne. O registro de compra foi assinada por um procurador, Alexis Joseph Steverlynck.-Fonteyne, sobrinho de Marguerite. A mulher do ministro, a atriz Ana Cristina Lemos Petta, também aparece no documento como compradora.
- Foi pago à vista. Com uma ordem de pagamento no Banco do Brasil - afirmou Alexis, o procurador dos antigos donos.
Um corretor da região diz que o metro quadrado na área do terreno vale pelo menos R$10. Por essa avaliação, a propriedade do ministro deveria custar cerca de R$900 mil. Mas o procurador dos antigos donos garante que o registro da venda foi feito pelo real valor do negócio.
Os proprietários anteriores já haviam recebido dinheiro da Petrobras por causa dos dutos existentes no local. De acordo com a certidão do terreno registrada no 4º Cartório de Imóveis de Campinas, a empresa estatal pagou R$54.297,91 em 2005 pela utilização, chamada tecnicamente de servidão de passagem, de três áreas da propriedade, que somam 9.405,92 metros quadrados. A quantia paga foi alvo de acordo entre os antigos donos e a Petrobras.
Em nota, a Petrobras negou que tenha planos de desapropriar terrenos na região onde está a propriedade do ministro. No local, passa o gasoduto Campinas-Rio.
A propriedade fica a cerca de uma hora do centro de Campinas. Para chegar ao local, é preciso andar seis quilômetros por estrada de terra. O terreno do ministro fica em uma área bastante inclinada. Na frente, funciona um pesqueiro.
O GLOBO - 19/10/2011