26 fevereiro 2019

Câmara gastou R$ 168 mil para entregar títulos de cidadania

Em tendas em que não cabiam mil convidados, a Câmara de Imperatriz bancou jantar requintado para dois mil, ao custo de R$ 84,00 por convidado.

A maior conta individual paga pela Câmara Municipal de Imperatriz em 2018 nem de longe combina com a finalidade da existência da instituição que recebeu da Prefeitura R$ 19.830.58119 (dezenove milhões, oitocentos e trinta mil, quinhentos e oitenta e um reais e dezenove centavos) no ano, média de R$ 1.652.548,42 (Um milhão seiscentos e cinquenta e dois mil, quinhentos e quarenta e oito reais e quarenta e dois centavos) por mês, para pagar subsídios dos vereadores, salários dos funcionários, infraestrutura e despesas de custeio.

Criar leis, indicar soluções e fiscalizar a boa aplicação dos recursos do município é, em tese, as atribuições do parlamento municipal, mas o que a casa fez de mais vistoso no ano passado, foi a distribuição de 62 títulos de Cidadania Imperatrizense de uma só vez, na Beira-Rio, com pompas e circunstâncias.

O contrato com o fornecedor do big jantar sob tendas na Beira-rio discriminava 41 itens, entre entradas, frios, complementos especiais e pratos principais, a serem servidos na noite daquela sexta-feira, 28 de setembro. Tinha lombinho de porco canadense, quiches de bacalhau, 10 tipos de queijos, camarão no queijo cuia, filé no molho de cogumelos, vários tipos de saladas e salpicões.

O curioso é que o tal fornecedor, tem como sede postiça a casa de número 1308, da Simplício Moreira, um quarteirão abaixo do Palácio Dorgival Pinheiro de Sousa, onde se localiza a câmara. Na fachada ali funcionaria uma tal Empres Services Serviços Empresariais. Esta nunca abre as portas e um vizinho informa que aquilo só funciona para “participar” de licitações. Tem um capital social de apenas R$ 10 mil, dois sócios e, pelo jeito, nenhum funcionário.

Tal empresa, tão enxuta, do ponto de vista do quadro funcional, mas absurdamente eclética. Só com a Câmara Municipal ela manteve em 2018, 6 contratos, todos conquistados em sessões de pregões presenciais; um para realizar eventos dessa magnitude, um para fornecer cartuchos e tonner para impressoras, mais um para recarregar esses cartuchos, um para fornecer material de expediente, outro para material de limpeza e mais um para fazer digitalização da papelada toda da câmara.

A Oliveira Castro Serviços e Comércio Ltda recebeu da Câmara de Imperatriz, no ano passado, R$ 355.041,40, mas nem de longe é a faz-tudo que mais fatura n a gestão do atual presidente. A Comercial Bialuc, que fornece xícara, pires, bule, computadores, água mineral, comida, material de expediente e material “permanente” mais do que dobrou esse faturamento, levando R$ 788.217,66.

Sobre o jantar da Beira-rio, o anexo do contrato fala em 2 mil servidos, quantidade que não combina do que o cerimonial da casa estabeleceu para a ocasião: eram somente os 62 agraciados, cada um com direito a 4 convidados. Imagina-se que cada um dos 21 vereadores tenha levado dez pessoas e que o presidente, que gosta de ajuntamentos, tenha convidado uns 500. O total dessa lista gigantesca fecharia em 1.052 pessoas, metade do estipulado para justificar a conta de R$ 168.000,00.

Fora a comida, ainda tinham tendas, mesas, cadeiras, toalhas, palco, som e luz; adereços que, no mercado, se bem pechinchados, se cobririam com menos de R$ 50.000,00, argumentam especialistas do setor.


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