22 agosto 2011

FHC pede ao PSDB no Congresso que esqueça a CPI da Corrupção

Ex-presidente entende que atrapalhar o governo Dilma Rousseff é cacifar o retorno de Lula em 2014

Ex-presidente FHC e Dilma Rousseff trocaram afagos no Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo.

Lideranças do PSDB no Congresso não gostaram da sugestão dada pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso para que o partido abandone a campanha em favor de uma CPI da Corrupção, a fim de evitar que a presidente Dilma Rousseff se torne refém dos setores mais fisiológicos da base aliada.

Além disso, na visão de FHC, enfraquecer Dilma seria fortalecer uma eventual candidatura presidencial de Lula em 2014.

Esse mesmo receio já foi levantado por alguns setores da bancada, embora, em público, todos hesitem em expor essa contradição.
Fernando Henrique expôs sua opinião aos governadores de São Paulo, Geraldo Alckmin e de Minas,
Antonio Anastasia. Os três estiveram juntos com a presidente Dilma Rousseff na quinta-feira, durante o lançamento do plano Brasil Sem Miséria da Região Sudeste, no Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo.

Para algumas lideranças tucanas, FHC está sendo educado com a presidente porque tem recebido gestos de simpatia dela desde o início do ano. Esses acenos geraram ciúmes no PT. Mas, agora, é o PSDB quem está incomodado com a lua de mel.

“A oposição vai continuar fazendo oposição”, defendeu o líder do PSDB na Câmara, Duarte Nogueira (SP). Para o parlamentar, FHC está entusiasmado com os recentes gestos da presidente, mas é preciso mostrar que a “faxina” é apenas fachada.

“Não basta apenas afastar os suspeitos. É preciso puni-los efetivamente e ressarcir os cofres públicos. Um ex-diretor do Dnit (Luiz Antonio Pagot) está construindo uma casa de R$ 4 milhões. Já o ex-diretor da Valec (João Francisco das Neves, o Juquinha) comprou três fazendas depois do escândalo. Isso ninguém fala”, afirmou Duarte Nogueira.

O líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias (PR), afirmou que o ex-presidente Fernando Henrique expressou apenas solidariedade a Dilma, mas acha difícil que essa manifestação tenha efeito prático dentro do partido.

“Temos um papel específico que precisamos cumprir. O governo já tem apoio demais no Congresso”, reclamou ele. “Foi essa base inchada que gerou a promiscuidade e a necessidade de distribuir cargos para beneficiar aliados”, apontou Dias.

Assinaturas
O senador paranaense acha que a CPI ainda é um dos instrumentos mais eficazes para que a sociedade “possa ter uma fotografia real do Congresso Nacional”. Dias reconhece as dificuldades que PSDB, DEM e PPS enfrentam para coletar apoio necessário para a formação de uma comissão parlamentar de inquérito. Depois de obter as 27 assinaturas para uma investigação no Senado, os oposicionistas perderam dois apoiamentos.

O líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), acredita que as declarações de Fernando Henrique Cardoso “são um problema interno do PSDB, dividido porque o governador Geraldo Alckmin aderiu ao Brasil sem Miséria a despeito das críticas feitas por José Serra”. Internamente, contudo, setores do PT alimentam a mesma rivalidade entre Lula e Dilma que assombra os tucanos.



Cresce no partido os setores que sonham com o retorno do ex-presidente em 2014, saudosos dos tempos em que fazer política seria “mais fácil”. Esse grupo reclama que Dilma tem pouca habilidade e preocupação com os meandros da política, o que dificultaria o relacionamento com a base.



A “faxina” seguirá

Em entrevista concedida à Rádio Metrópole AM, de São José do Rio Preto (SP), a presidente Dilma Rousseff afirmou que o governo seguirá a “faxina” para acabar com a corrupção. “O meu governo vai continuar combatendo todos os malfeitos e o crime organizado. Agora, o meu governo e o povo brasileiro também não gostam de injustiça”, disse.



A presidente, entretanto, ressaltou que não é o objetivo da sua gestão apenas combater a corrupção. “Onde houver problemas de corrupção, nós somos obrigados a tomar providências. Eu não faço disso um objetivo central do meu governo”, comentou. Dilma também comentou a reportagem publicada ontem pela revista britânica The Economist. O texto diz que a “faxina” na Esplanada dos Ministérios pode trazer problemas no Congresso. “O Brasil hoje tem importância suficiente para as revistas estrangeiras ficarem preocupadas conosco. É um ótimo sinal”, ironizou.

Paulo de Tarso Lyra

Correio Braziliense
Cópia do LC








Um comentário:

Anônimo disse...

Holden, parece que espírito político atrapalha não apenas a moral mas também a lógica mental.
FHC nem precisaria "comer pelas bordas", ou seja, eliminar Lula primeiro e deixar Dilma para depois.

Teria chance para mostrar que a corrupção do governo Dilma é a mesma que havia no governo anterior, com a qual ela convivia às mil maravilhas.

Teria condições, mais do que todos nós blogueiros juntos, mostrar ao povo que os dois precisam ser eliminados.

Falsa esperteza ou problema de senilidade?

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