11 junho 2015

NA MIRA DA PF, Instituto Lula recebeu dinheiro de empresas ligadas ao PETROLÃO

A Polícia Federal pretende convocar o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu para depor em Curitiba, onde estão concentrados a maior os processos da Operação Lava Jato. De acordo com o delegado Igor de Paula, que atua nas investigações sobre o escândalo do petrolão, o ex-chefe da Casa Civil, condenado no julgamento do mensalão, deve ser ouvido para esclarecer os pagamentos que recebeu da construtora Camargo Corrêa.
Mais: depois da confirmação de que o Instituto Lula e o LILS Palestras Eventos e Publicidade, ambas ligadas ao ex-presidente petista, receberam, entre 2011 e 2013, 4,53 milhões de reais da empreiteira Camargo Corrêa, a Polícia Federal estuda abrir um inquérito específico para investigar a legalidade dos repasses da gigante da construção, um dos alvos da Operação Lava Jato, e o instituto criado pelo ex-presidente depois de deixar o Palácio do Planalto.

Laudo da Polícia Federal registra que a Camargo, empreiteira cujos dirigentes confessaram, em delação premiada, terem desembolsado 110 milhões de reais em propina para duas diretorias da Petrobras, pagou três parcelas de 1 milhão de reais cada ao Instituto Lula entre dezembro de 2011 e dezembro de 2013 e mais 1,527 milhão de reais para a LILS Palestras Eventos e Publicidade entre setembro de 2011 e julho de 2013. O Intituto Lula nega irregularidades nos repasses e diz que o dinheiro foi doado para o "desenvolvimento de atividades institucionais".

No caso de Dirceu, constam os pagamentos de 900.000 reais da construtora para a JD Assessoria e Consultoria por meio de dez depósitos bancários. Dirceu teve a quebra dos sigilos bancário e fiscal decretada pela juíza Gabriela Hardt em janeiro após o Ministério Público, aliado à Receita Federal, terem apresentado indícios de que as consultorias prestadas pelo ex-ministro funcionariam, na verdade, para pagamento de propina. Dados da Receita Federal apontam que a empresa do ex-ministro José Dirceu faturou pelo menos 29,2 milhões de reais com a prestação de serviços de consultoria, de 2006, depois de deixar o governo Lula, a 2013, quando começou a cumprir pena pela condenação no julgamento do mensalão.

INQUÉRITO ESPECIAL

"Provavelmente, o instituto vai ser chamado a comprovar a razão desses pagamentos e também a empresa vai ter que dizer o porque disso [de enviar 3 milhões de reais ao Instituto Lula]. A JD [Consultoria] também. Acho que, sobre a oitiva do ex-ministro José Dirceu, vai chegar um momento em que será inevitável. A gente não sabe ainda quando, mas vai ser provavelmente no momento mais adequado do ponto de vista das provas, quando tudo estiver bem reunido para evitar que ele venha e depois tenha que ser ouvido de novo, mas eu encontro como inevitável", disse o delegado Igor de Paula. "O Instituto Lula e esses repasses são trazidos para os autos agora pela primeira vez. Possivelmente [pode ser aberto um inquérito especial para o Instituto]", completou ele. "O que vai se refeito a partir do laudo é ver se há realmente indícios de irregularidade ali. Havendo indícios, com certeza é natural que se instaure inquérito para apurar", afirmou ele.

Na avaliação do delegado que atua na Operação Lava Jato, o presidente e o vice-presidente da Camargo Corrêa terão de ser ouvidos novamente para esclarecer os 183,79 milhões de reais repassados pela empreiteira em doações "de cunho político", entre 2008 e 2013. Foram detectados ainda o envio de 67 milhões de reais para o lobista Julio Camargo, empresário que também fez acordo de delação premiada e confirmou que o lobista Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano e operador do PMDB no escândalo da Petrobras, recebeu 40 milhões de dólares em propina em uma transação envolvendo a compra de navios-sonda da Samsung Heavy Industries. "Temos individualmente cada uma das operações [de pagamento]. Vai ser um trabalho extenso, mas eles devem esclarecer o motivo daquelas transações, qual a origem daquelas doações.

PAGAMENTO DE PROPINA

Os dados reforçam principalmente a tese que vem se confirmando de que as doações legais não são doações, mas repasses fruto de contratos fechados com o pagamento de propina. Vamos tentar detalhar a natureza desses repasses individualizados, como os do Instituto Lula, as empresas de consultoria e tentar esclarecer o que está em cada um daqueles repasses", explicou o delegado.

Dalton Avancini e Eduardo Leite já aceitaram fazer acordos de delação premiada e confirmaram que foram pagos pela empreiteira, ao longo de seis anos, 110 milhões de reais em propinas na Petrobras para os ex-diretores de Serviços, Renato Duque, e de Abastecimento, Paulo Roberto Costa. Em sua delação premiada, Eduardo Leite afirmou que "entre 2007 e 2012 a construtora pagou 110 milhões de reais em propinas, sendo 63 milhões de reais para a Diretoria de Serviços e 47 milhões de reais para a Diretoria de Abastecimento". Do site da revista Veja

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