05 dezembro 2015

PT declara apoio ao governo Flávio Dino, mas gesto não foi festejado nem pelo partido nem pelo novo aliado

Repórter Tempo/S. Luis_
O PT bateu martelo: a partir de agora é oficialmente aliado do Governo Flávio Dino (PCdoB), conforme foi anunciado segunda-feira numa entrevista coletiva capitaneada pelo seu presidente regional, professor Raimundo Monteiro, acompanhado de próceres da cúpula estadual do partido. Não ficou claro se o partido vai ampliar sua participação no governo, onde já tem dois secretários – Márcio Jardim (Esportes) e Francisco Gonçalves (Direitos Humanos e Participação Popular) -, como também os dirigentes petistas não foram muito taxativos sobre como fica a relação do PT com o PMDB no Maranhão. Num discurso de poucos ecos, o presidente Raimundo Monteiro apresentou as conclusões do encontro realizado no sábado, no qual foram reafirmadas “as nossas bandeiras históricas” e anunciada a decisão de “manter forte os projetos da presidente Dilma Rousseff e apoiar propostas que levem à continuidade o desenvolvimento do Brasil”.
Mas, ao contrário do que era esperado, o que foi anunciado como o desfecho da maior guinada do partido nos últimos tempos não se deu com  festa nem manifestações de entusiasmo dos líderes petistas. O que a imprensa enxergou na entrevista coletiva, foi uma cúpula partidária murcha, fleumática, portanto sem entusiasmo e passando à imprensa a impressão de que o PT perdeu o entusiasmo e se apresentou de maneira acanhada. Além disso, deixou muitas perguntas sem respostas, contribuindo para reforçar a suspeita de que o partido perdeu o foco e não está conseguindo enfrentar com a firmeza dos tempos de oposição, a pancadaria que sofre na condição de agremiação governista cujo projeto de poder enfrenta uma tempestade destruidora que só aumenta.
Não há dúvida de que o desembarque na aliança que dá sustentação ao governador Flávio Dino era o caminho natural do partido com o fim do projeto de poder da sua aliança com o PMDB, que foi trucidado nas urnas em 2014. O PT nunca ficou em posição confortável fazendo dobradinha com o Grupo Sarney por ordem do ex-presidente Lula e do ex-ministro José Dirceu. Essa aliança, cujo saldo é uma cadeira no Tribunal de Contas do Estado ocupada pelo ex-vice-governador Washington Oliveira, foi construída na marra, em 2010, tanto que rachou o PT, tendo os rebelados declarado apoio ao então candidato Flávio Dino. O problema se repetiu em 2014 e o que se viu foi o naufrágio da aliança nas urnas. Desde então, os mais diferentes grupos que formam o PT no Maranhão têm pressionado a cúpula partidária para se afastar do PMDB, mesmo sabendo que o governo da presidente Dilma Rousseff só está de pé por causa do partido de José Sarney e que, se os pemedebistas retirarem esse suporte, o petismo desaba de vez no país.
A situação do PT maranhense, portanto, não é confortável. Para começar, o anúncio da adesão ao novo governo não foi festejado, nem pelo PT nem pelo aliado. Nenhum graúdo do governo do PCdoB veio a público saudar a reviravolta do aliado. Na segunda-feira, além da entrevista e do anúncio, a cúpula petista deveria ser recebida pelo governador Flávio Dino, mas ele se encontrava em São Paulo, onde visitou o seu mais importante aliado e parceiro político, o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Humberto Coutinho (PDT), que ontem se submeteu a uma cirurgia. O desembarque, portanto, foi frio, formal, sem manifestação de boas vindas nem entusiasmo em ambas as partes. E pelo visto, sem desdobramentos, já que não há no horizonte qualquer indicação de que o PT ocupará espaço maior no governo.
É sabido que em política nem sempre o que parece é de fato. Ninguém discute que o governador Flavio Dino quer o PT na sua base e que a recíproca é verdadeira, pois o PT também quer fazer parte dessa base. O problema é que também em política a regra de uma aliança partidária é a do toma-lá-dá-cá, e aí surge a questão principal: o que o PT tem a oferecer de concreto ao governo e o que, em contra partida, o governo tem a oferecer ao PT.

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