02 janeiro 2013

Reportagens investigativas custam a vida de jornalistas brasileiros


Cinco jornalistas foram assassinados no território brasileiro em 2012, de acordo com levantamento feito pelo Comitê para Proteção dos Jornalistas (CPJ). Em 2011, foram seis casos. Desde 1992, o país registrou 32 assassinatos, sendo que 24 tiveram ligação com o exercício da profissão. Os motivos dos outros oito casos ainda não foram confirmados.

O Brasil é o quinto país mais perigoso do mundo para jornalistas, segundo a organização não-governamental Repórteres Sem Fronteiras (RSF). Os jornalistas brasileiros trabalham em condições melhores que apenas quatro países: Síria, Somália, Paquistão e México. A RSF aponta o narcotráfico na fronteira com o Paraguai como a principal causa de assassinato de repórteres no Brasil.

O Comunique-se levantou os cinco casos de assassinatos de jornalistas que ocorreram neste ano.

Eduardo Carvalho
O editor e dono do website Última Hora News foi morto a tiros em frente a sua residência, no dia 21 de novembro, em Campo Grande. Na noite do crime, Carvalho e sua mulher estavam chegando em casa, quando foram surpreendidos por dois homens. O jornalista levou três tiros e não resistiu. A página do Última Hora News é conhecida por divulgar matérias policiais e bastidores da política. Carvalho já havia sido ameaçado e tinha sofrido tentativa de homicídio. 
Valério Luiz de Oliveira
Comentarista esportivo, Valério Luiz foi assassinado com sete tiros no dia 5 de julho, em frente ao seu trabalho, a Rádio Jornal 820 AM, em Goiânia. Para a Polícia Civil, trata-se de execução. Segundo o pai da vítima, o também radialista Mané de Oliveira, seu filho não tinha inimigos, mas enfrentava problemas devido a críticas que fazia ao Atlético Goianiense. A direção do time chegou a proibir a entrada dos veículos onde Oliveira trabalhava nas dependências do clube. Em nota oficial, o Atlético declarou estar “de luto pelo brutal assassinato do cronista esportivo e atleticano Valério Luiz de Oliveira”.
decio_-_o_estado_do_maranho
Jornalista do diário O Estado do Maranhão foi um dos assassinados em 2012
Décio Sá
Repórter de O Estado do Maranhão, Décio Sá morreu, após ser atingido por seis tiros à queima roupa em um restaurante em São Luís, no dia 23 de abril. O jornalista foi assassinado pelo pistoleiro de aluguel Jhonatan de Souza Silva, de 24 anos. O mandante do crime foi o empresário Júnior Bolinha, que pagou R$ 20 mil adiantados e pagaria R$ 80 mil após a execução. Como Bolinha não pagou a segunda parte, Jhonatan iria executá-lo no dia 10 de junho, mas foi preso ao ser pego com 10kg de cocaína. De acordo com as investigações, Bolinha tinha raiva de Décio Sá desde 2009, quando o jornalista postou em seu blog uma matéria que envolvia o empresário em roubo de veículos. 

Mario Randolfo Marques Lopes
O jornalista e editor-chefe do site Vassouras na Net, Mario Randolfo Marques Lopes e sua companheira, Maria Aparecida Guimarães, foram encontrados mortos no dia 9 de fevereiro, na BR-393, em Barra do Piraí (RJ). Lopes tinha muitos inimigos, devido às matérias que publicava em seu site, relacionadas a denúncias de casos de corrupção, envolvendo empresários e políticos da região. Em 2011, o jornalista sofreu uma tentativa de homicídio, quando foi atingido por cinco disparos em seu escritório em Vassouras (RJ). 

Paulo Roberto Cardoso Rodrigues
Conhecido como Paulo Rocaro, o jornalista foi morto a tiros na noite do dia 12 de fevereiro, em Ponta Porã (MS), na fronteira com o Paraguai. A vítima estava em um carro de passeio, quando um motociclista abriu fogo. 

Rodrigues era editor-chefe do Jornal da Praça e diretor do portal Mercosul News. Nos últimos dez anos, publicou três livros, entre eles um com denúncias sobre a atuação de grupos de extermínio na fronteira Brasil-Paraguai. 

O Comitê para Proteção dos Jornalistas (CPJ) não confirma o motivo do crime. A entidade quer saber se a morte está ligada ao trabalho do jornalista.




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