Duas mulheres ligadas à Assembleia de Deus protagonizam uma das disputas mais simbólicas da pré-campanha ao Senado Federal no Maranhão. De um lado, a deputada estadual Mical Damasceno; do outro, a senadora Eliziane Gama. Ambas buscam apoio no eleitorado pentecostal, um dos mais organizados e influentes do estado. A corrida, no entanto, ocorre ainda sem decisão da CEADEMA (Convenção Estadual das Assembleias de Deus no Maranhão) que já informou que não declarou apoio oficial a nenhuma das pré-candidatas.
Mical Damasceno se apresenta como representante da ala conservadora do eleitorado evangélico. Deputada estadual em mandato ativo, construiu sua trajetória política associada à defesa de pautas morais, alinhamento à direita e apoio explícito ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Entre suas bandeiras está a criação do Dia do Círculo de Oração no calendário oficial do estado, iniciativa que ampliou sua visibilidade entre fiéis assembleianos. O projeto ao Senado, porém, envolve risco político: Mical teria uma reeleição considerada viável para a Deputada Estadual ou Federal, mas tem se colocado na disputa ao Senado, com risco e custo maior.
Já Eliziane Gama, senadora, ocupa o campo político oposto. Evangélica declarada e da ala Progressista, ela integra a base do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e mantém aliança histórica com o grupo político liderado pelo ex-governador Flávio Dino, hoje ministro do Supremo Tribunal Federal. Embora rejeite o rótulo de esquerdista e afirme defender valores cristãos, Eliziane enfrenta forte resistência em segmentos do eleitorado evangélico, especialmente nas redes sociais, onde é alvo de críticas por sua posição contrária ao bolsonarismo e por pautas associadas ao atual governo federal.
Entre assembleianos mais conservadores, a senadora é frequentemente vista como distante da base religiosa, enquanto Mical Damasceno vem sendo celebrada como voz firme contra o petismo no Maranhão — um estado historicamente governado por forças de esquerda. O recente anúncio de apoio do pastor e deputado federal Marco Feliciano à pré-candidatura de Mical reforçou essa percepção e ampliou sua projeção nacional entre evangélicos alinhados à direita.
Se o recorte for exclusivamente o voto evangélico assembleiano, Mical Damasceno aparece hoje com vantagem simbólica e mobilizadora, especialmente entre os fiéis mais conservadores. Já no cenário geral da eleição, Eliziane Gama segue competitiva por integrar um campo político mais amplo e estruturado. A chamada “guerra pelos votos evangélicos” tende a favorecer Mical; a guerra pelo Senado, porém, permanece aberta.

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