Uma escola da
comunidade indígena Aldeia São José, em Montes Altos, vem enfrentando problemas
para continuar funcionando. Mesmo após a entrega de novo prédio, os alunos
estariam sem transporte e merenda escolar e, alguns servidores, com salários
atrasados há mais de 3 meses, segundo a diretoria.
Alunos e professores andam cerca de 2
km todos os dias para chegar à escola. De acordo com o cacique Dórcio Krikati,
uma criança já chegou a desmaiar de cansaço e fome. “Uma vez uma criança
desmaiou indo daqui para sua casa. Toda a escola precisa da merenda, toda
criança que estuda merece uma merenda bem saudável”, disse.
A professora Katiana Krikati contou
que há 3 meses, havia alimentação, mas nunca houve novo envio de mantimentos.
“Tinha peixe, carne, carne mesmo, arroz, feijão, legumes e sucos naturais,
biscoitos que foram servidos a alunos”, contou. No entanto, por causa da falta
de alimentação, hoje os alunos precisam ser liberados mais cedo. “A gente não
pode segurar até passar do horário porque a gente tá sem merenda há dois
meses”, acrescentou.
Sem ter o que comer, a maioria dos
alunos fica horas em jejum. O Conselho Escolar diz que houve retração no
aprendizado. “Sem merenda é ruim para nós, para todos os alunos”, diz o estudante
Alisson Krikati.
Segundo a direção da escola, não há
previsão de quando haverá mantimentos novamente na escola. Somado a isso,
alguns professores estariam há mais de 90 dias sem receber salários. Um deles,
há mais de 150 dias.
“A Alzenira Alves Machado tá com 5
meses que não recebe. Eu ficava triste e com vergonha, mas todo dia ela tava
aqui. Todos nós, que somos funcionários, temos dívidas e o banco não perdoa a
dívida. E muitos funcionários daqui ainda não receberam”, contou a diretoria
Silvia Krikati.
De acordo com o diretor regional de
Educação, Agostinho Noleto, uma reunião para discutir a educação indígena com
representantes está prevista para os dias 12 e 13 de dezembro, em São Luís.
Deve ser aprovado o plano político-pedagógico, com investimentos previstos para
o ano que vem na infraestrutura das escolas, pagamento de pessoal e melhorias
no serviço de merenda escolar e transporte dos alunos.
Folha do Bico
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