11 dezembro 2021

PT abre guerra doméstica pelo poder e atrai sombras ao seu projeto de poder


Por Ribamar Corrêa

O comando nacional do PT decidiu fazer valer um acordo firmado na eleição da direção estadual do partido, que obriga o atual presidente, Augusto Lobato, a dividir o mandato de quatro anos com seu adversário na disputa, Francimar Melo, assegurando que o novo presidente assuma o comando do braço maranhense da agremiação no dia 1º de janeiro de 2022, ou seja, daqui a três semanas. A consumação dessa medida pode promover uma guinada radical na posição do PT em relação à corrida para o Governo do Estado. Isso porque, enquanto o atual presidente vem mantendo a declaração de apoio à pré-candidatura do vice-governador Carlos Brandão (PSDB, podendo migrar para o PSB), o seu sucessor está avisando, em alto e bom som, que vai abrir discussão sobre candidaturas ao Governo do Estado, usando o argumento segundo o qual o partido tem um pré-candidato, Felipe Camarão, cujo projeto não deve ser descartado. E tudo isso com o partido sendo a base do ex-presidente Lula da Silva, o pré-candidato mais bem situado nesta fase da corrida ao Palácio do Planalto.

A verdade é a seguinte: se já vinha fervendo internamente por conta das profundas divisões que o mantêm em constante ebulição, a súbita troca de comando, com a ascensão de uma corrente então afastada do poder, pode mergulhar o PT maranhense numa crise de desfecho imprevisível no que diz respeito à corrida sucessória. Primeiro porque o novo comando pode desfazer o compromisso assumido com o vice-governador Carlos Brandão, para reabrir o debate interno sobre candidatura, colocando o projeto de Felipe Camarão na abertura da sua lista de prioridades, podendo também criar um ambiente que possa favorecer o pré-candidato do PDT, senador Weverton Rocha.

O braço maranhense do PT, que tem seu núcleo básico formado por grupos das suas diversas correntes, não é um partido der fácil relacionamento. As correntes que lhe dão vida têm posições diferentes acerca da sucessão estadual, o que torna difícil, quase impossível mesmo, uma tomada de posição unanime e tranquila sobre quem apoiar para trabalhar no Palácio dos Leões. E o caldo pode ser ainda mais entornado se prevalecer o projeto do novo presidente de reabrir o debate interno sobre candidatura ao Governo do Estado, criando o risco de prejudicar a boa articulação da agremiação em relação ao apoio à candidatura presidencial do partido. A impressão que o partido passa é de que o ex-presidente Lula da Silva não precisa de partido para manter a condição de favorito, segundo as pesquisas.

Um dos problemas internos é que não há consenso sobre a contrapartida ao seu apoio, cujo pacote o inclui, entre outros nos itens, o precioso apoio de Lula da Silva ao candidato do partido escolhido ao Governo do Estado, e um bom tempo de rádio e TV na propaganda eleitoral, que tem o valor de ouro em pó no “mercado” eleitoreiro, e a participação da sua militância, que é reconhecidamente aguerrida. Daí a voz dominante do partido pregar a indicação do vice ao candidato que vier a ter o apoio do partido. E muito provavelmente é o que pretende o novo comando petista quando mantém de pé o projeto de candidatura do secretário Felipe Camarão. Isso porque, segundo corre nos bastidores, ele teria sinalizado estar aberto a conversar nesse sentido, deixando claro que que qualquer decisão tem de passar pelo governador Flávio Dino.

Os atuais líderes do PT, incluindo o vai assumir a presidência no primeiro dia do ano que vem, sabem que tudo o que o partido não precisa agora é de uma crise que amplie e aprofunde ainda mais as diferenças que desgastam sua saúde política. O seu projeto de levar Lula da Silva de volta ao poder é grande demais para ser arranhado por uma guerrinha doméstica.

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