O resultado das urnas demonstra o vigor que o PSDB
continua a exibir diante do eleitorado brasileiro. Para um partido que está há
dez anos afastado do poder federal, depois de três derrotas presidenciais
seguidas, os números alcançados no último domingo representam uma vitória
expressiva e indicam que a população vê nos tucanos a principal alternativa de
poder no país.
Fechadas as urnas, o PSDB obteve 13,9 milhões de
votos. Foi o segundo partido que mais conquistou prefeituras (691) e, a
depender dos resultados daqui a 20 dias, pode ter sob sua gestão o maior
contingente de habitantes do país: hoje já são 19,1 milhões, mas o número pode
mais que dobrar.
Além das prefeituras que já conquistou em primeiro
turno, o PSDB ainda disputará mais 17 cidades no próximo dia 28. Destas, em
oito o candidato tucano terminou a primeira rodada na liderança, com chances
redobradas de novo sucesso: São Paulo, Manaus, Campina Grande (PB), Teresina
(PI), Pelotas (RS), Blumenau (SC), Franca (SP) e Taubaté (SP).
No grupo das 83 cidades com mais de 200 mil
eleitores, o PSDB elegeu seis prefeitos em primeiro turno: Maceió, Betim (MG),
Piracicaba (SP), Santos (SP), Ananindeua (PA) e Jaboatão dos Guararapes (PE).
Nos maiores centros, que representam 36,5% do eleitorado brasileiro, os tucanos
podem chegar a ter 23 cidades, mais que o dobro das nove deste porte atualmente
administradas pelo partido.
Entre as 12 metrópoles brasileiras, ou seja, com
mais de 800 mil eleitores, há quatro anos o PSDB venceu em somente uma -
Curitiba - mas agora pode triunfar em três: São Paulo, Guarulhos (SP) e Belém.
Entre os municípios de 200 mil a 800 mil eleitores, os tucanos tinham 12 em
2008, já conquistaram seis em primeiro turno e podem vencer em mais 14.
Nas médias cidades (75 mil a 200 mil eleitores), o
número de vitórias subiu de 24 em 2008 para 29 agora; nas pequenas (de 15 mil a
75 mil eleitores), passou de 217 para 176 e nas menores localidades, de 537
para 478, de acordo com levantamento publicado hoje pela Folha de
S.Paulo.
O time tucano também contará com 5.242 vereadores
eleitos no último domingo, número apenas menor que o alcançado pelo PMDB. A
força deste exército, reforçado por eleitos por partidos coligados, será
fundamental para ajudar o partido a obter novas vitórias em 28 de outubro: em
São Paulo, por exemplo, os seis vereadores mais bem votados apoiam José Serra e
pelo menos 32 dos 55 eleitos deverão lhe dar sustentação num eventual governo.
O desempenho tucano contrasta com resultados
obtidos pelas duas maiores lideranças petistas: Dilma Rousseff e Luiz Inácio
Lula da Silva. Não adianta alguns analistas quererem vislumbrar sucesso
evidente no desempenho eleitoral da presidente. Ela se envolveu diretamente em
duas contendas: numa, Belo Horizonte, perdeu ainda no primeiro turno para o
candidato apoiado pelo senador Aécio Neves; noutra, em São Paulo, disputará o
segundo turno. Ou seja, tem chance de sair duplamente derrotada.
Sem contar que o desempenho do PT no estado que é a
base eleitoral da presidente - e historicamente sempre foi considerado uma
fortaleza petista - retrocedeu: em Porto Alegre, o candidato de Dilma teve
menos de 10% dos votos e foi somente o terceiro mais votado. Os petistas também
perderam espaço em outras cidades importantes do Rio Grande do Sul, como Caxias
do Sul e Santa Maria, onde tradicionalmente tinham força.
Já Lula envolveu-se pessoalmente na disputa em dez
cidades, onde participou, inclusive, de comícios. Em sete delas, o
ex-presidente terá de continuar labutando para ver se obtém algum sucesso. Em
uma - Feira de Santana (BA) - perdeu fragorosamente e em duas venceu - São
Bernardo do Campo (SP), onde a vitória de Luiz Marinho eram favas contadas, e
Osasco (SP).
O PSDB, que, a despeito de tantas adversidades,
continua a rivalizar de igual para igual com a legenda que governa o país há
uma década lançando mão dos instrumentos mais espúrios que se tem notícia, pode
se considerar bem sucedido. Redobrando os esforços com vistas ao segundo turno
e calibrando sua estratégia rumo ao futuro, o partido tucano poderá sair como
grande vitorioso desta eleição.
Fonte: Instituto Teotônio Vilela